Idade e carreira: confira cases de sucesso de profissionais jovens e sêniores no mercado imobiliário

Idade e carreira: confira cases de sucesso de profissionais jovens e sêniores no mercado imobiliário

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O quanto a idade influencia na conquista de resultados no mercado imobiliário? Nesta gama de diversidade dos mais jovens até os profissionais com longa experiência, há exemplos de ótima performance em todas as prateleiras.

O segmento imobiliário é conhecido por ter muitos colaboradores na faixa entre os 30 e os 45 anos – este, inclusive, é o caso de mais da metade dos leitores cadastrados no Imobi Report. Ao mesmo tempo, apenas 10% dos profissionais ativos desse mercado têm mais de 50 anos, segundo estudo conjunto da consultoria EY Brasil e da plataforma de realocação Maturi.

O desafio de conquistar espaço no imobiliário, portanto, tende a ser maior para o público sênior e também para quem está entrando no mercado de trabalho.

O Imobi Report conversou com imobiliárias e profissionais que quebram este paradigma e mostram que, sim, é possível conquistar bons resultados independente da amplitude de tempo da trajetória profissional.

Aos 80 anos de idade, corretor é destaque de imobiliária em São Paulo

Wilson Monari, ou apenas Monari, como é mais conhecido, está no mercado imobiliário desde 2002. Ele começou sua trajetória como corretor de imóveis quando estava prestes a completar 60 anos de idade na Karisma Imóveis, na Zona Norte de São Paulo. Ele permaneceu na imobiliária desde então, e nos últimos cinco anos figura no top 5 de vendas.

Hoje, Monari é o especialista da imobiliária para atender clientes sêniores e também estrangeiros, especialmente bolivianos que procuram um primeiro imóvel em São Paulo. Apesar de hoje estar bem estabelecido e conquistando resultados, seu início de carreira foi desafiador.

“Enfrentei dificuldades que profissionais mais jovens também teriam de encarar. Principalmente quanto a lidar com alguns meses sem vendas, além de precisar entender a usar a tecnologia a seu favor. Porém, com muita vontade de trabalhar e o apoio da equipe da imobiliária, as coisas foram se encaixando. Já são mais de 20 anos na função, o que rendeu muitos amigos, clientes, indicações e parcerias”, conta Monari.

Antes de iniciar como corretor, Monari foi taxista, vendedor de roupas e de tapetes. Ele transformou essa experiência em algo útil para gerar negócios, já que conhecia bem a cidade, a sua região de atuação e tinha trânsito entre públicos variados que atendeu ao longo da carreira.

“Tem que estar bem vestido, engraxar o sapato, cuidar do cabelo e tudo mais. Passar confiança, ser paciente e atento ao que o cliente quer. Para mim, funciona bem a ideia do ‘corretor raiz’. Eu uso WhatsApp e email, mas me dou muito melhor com estar na rua, fazer visita, olho no olho, chamar o cliente para tomar um café na imobiliária. Gosto de usar meu crachá, que também gera conversa na rua. Me perguntam se trabalho na imobiliária e isso já pode gerar um negócio”, relata o corretor.

CEO de imobiliária aos 23 anos

A jornada de Natã Santos no mercado imobiliário começou cedo. Aos 14 anos, ele acompanhava seu pai, que é corretor de imóveis, em plantões de vendas. O jovem pegou gosto pelo mercado imobiliário e, ao completar 18 anos, tirou seu Creci e ingressou na profissão.

Hoje, aos 23 anos, ele afirma que o profissional do imobiliário não pode basear sua expectativa de resultados em mero talento ou histórico familiar. “Ao longo dos anos, aprimorei continuamente a qualidade dos meus atendimentos e minha abordagem de trabalho, aproveitando as redes sociais para ampliar minha presença e alcance. Estou constantemente investindo em desenvolvimento profissional, atualizações e presença em eventos, absorvendo insights de mercado e ensinamentos dos mais experientes”, destaca.

A imobiliária que fundou junto de um sócio, a Soma Imobiliária, acumula VGV de R$ 69 milhões neste ano. Foram 110 vendas fechadas até o momento. Entre outros fatores que contribuíram para o crescimento do negócio, Natã destaca o uso otimizado das redes sociais para impulsionar a visibilidade e aumentar os fechamentos.

“Através do Instagram, conseguimos alcançar pessoas em diversos bairros. Para os novos corretores e donos de imobiliárias, vejo que o celular deles é uma máquina de gerar leads, a partir da utilização de ferramentas como Instagram, TikTok e YouTube. Usamos este caminho para gerar clientes, que surgem buscando pelo nosso atendimento”, sugere.

Como imobiliárias lidam com profissionais de mais e menos idade

A Karisma Imóveis, imobiliária em que o experiente Monari atua como corretor, tem outras boas histórias para contar. Especializada em vendas e locação de prontos, a empresa conta com alguns colaboradores com mais de 25 anos de casa.

A questão da idade acompanha o sócio-diretor Leandro Esteves desde que ele iniciou a carreira. Afinal, ele entrou para o imobiliário com 17 anos e, aos 20, se tornou gestor da Karisma Imóveis, em 1998. 

Neste meio tempo, além de contratar corretores como o Monari (na época entrando na casa dos 60), a empresa também teve profissionais que atuaram até os 85 anos entregando resultados.

“Nosso diferencial é a cultura da empresa, que é muito forte, o que deixa o time engajado e produtivo. Temos apreço por trazer profissionais de fora do imobiliário e formá-los conforme nosso modelo. Tivemos profissionais de idades diversas com perfil que não encaixava e, em pouco tempo, abriram mão da vaga. Ou seja, entendemos que não temos problemas com a idade. A qualidade do profissional é o que faz a real diferença”, avalia Esteves.

O executivo entende que o mercado imobiliário é diferenciado por ser muito democrático. “Nosso mercado aceita pessoas recém-saídas do ensino médio que almejam sucesso, mas também dá oportunidade profissionais com mais experiência, contanto que não queiram parar no tempo”, aponta ele.

Superar o etarismo é um desafio necessário para o mercado

A idade como obstáculo para conquistar espaço no mercado de trabalho não é algo que acontece apenas no imobiliário. A pesquisa realizada pela EY e Maturi entrevistou 200 grandes empresas brasileiras de todos os segmentos e apontou que menos de 10% das companhias entrevistadas contratam pessoas de 50 anos ou mais. Além disso, cerca de 78% destas empresas se consideram etaristas, ou seja, admitem evitar a contratação de pessoas acima dos 50 anos.

O dado preocupa, já que, ao mesmo tempo em que o preconceito com idade existe, a população brasileira está envelhecendo. Segundo dados do IBGE, a população com 60 anos ou mais saltou de 11,3% em 2012 para 15,1% em 2022.

Uma imobiliária de Curitiba (PR), porém, vai no caminho contrário das estatísticas gerais do mercado. Na JBA Imóveis, 40,3% dos funcionários estão na faixa dos 50 anos ou mais. O número é expressivo, já que, de um total de 218 funcionários, 88 são do público 50+. 

No caso da empresa, estes colaboradores se destacam no nicho de vendas, pois 83% deles estão alocados neste setor. Um dos exemplos de dentro da JBA é o corretor Manoel Germano, que entrou para a imobiliária aos 62 anos de idade e segue ativo na empresa aos 86, em trabalho remoto desde a pandemia a pedido da família. 

De acordo com o CEO da JBA, Ilso Gonçalves, o compromisso do profissional é avaliado como item prioritário em detrimento da idade.

“Em geral, agregadas à maturidade e ao conhecimento que esses profissionais acima de 50 anos trazem, destacam-se qualidades como a paciência e organização”, avalia o executivo.



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